O sofrimento romântico, sentimento inúmeras vezes exaltado nos livros e nos filmes, embeleza e valoriza seus relacionamentos amorosos. No entanto, nem mesmo na ficção esse sofrimento tem a ver com qualquer tipo de violência física ou moral. Na realidade, o amor não tem que fazer sofrer, não sujeita o outro a condições que o diminua em nenhum aspecto. Amor é apreço, é caminhar de mãos dadas e lado a lado, respeitando a individualidade e as preferências de cada um.
Infelizmente, ainda hoje, há os que acreditam que amar é ter posse, o que significa poder fazer do outro o que quiser. Nessa aspecto, embora se tenha evoluído modestamente ao longo do tempo, a mulher permanece ainda em uma situação bastante delicada no cenário mundial.
A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) é a principal legislação brasileira para a enfrentar a violência contra a mulher. A norma é reconhecida pela ONU como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência de gênero. Esta lei classifica os tipos de abuso contra a mulher nas seguintes categorias: violência patrimonial, violência sexual, violência física, violência moral e violência psicológica. São formas de violência doméstica no Brasil: humilhar, xingar e diminuir a autoestima, tirar a liberdade de crença, fazer a mulher achar que está ficando louca, controlar e oprimir, expor a vida íntima, atirar objetos, sacudir e apertar os braços, forçar atos sexuais desconfortáveis, impedir a mulher de prevenir a gravidez ou obrigá-la a abortar, controlar o dinheiro ou reter documentos, quebrar objetos da mulher e causar danos de propósito a objetos dela, ou objetos que ela goste.
O livro Por Incrível que Pareça, de Julia Wundrach é um mergulho profundo nessa questão que precisa ser sempre abordada. Na história, Carla, uma mulher em início de carreira, sente-se atraída pelo relacionamento de sua vizinha adolescente com o namorado, que desenvolve nela sensações bastante estranhas. E, à medida que Carla vai observando os dois e compartilhando com sua terapeuta, mais vai captando detalhes que talvez identifique uma relação abusiva.
O romance, escrito em primeira pessoa, é, como a própria autora afirma, baseado em fatos reais. Apesar de tratar de um assunto denso, a escrita de Julia Wundrach é leve e bem humorada, na medida certa.
Impossível finalizar sua leitura e não refletir sobre tantas mulheres que sofrem os mais diversos tipos de violência no mundo. Resta-nos, então, a luta diária pelos nossos direitos e o desejo profundo de que o futuro seja bem diferente do presente. Pois, como proferiu o filósofo francês Jean-Paul Sartre, “a violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota”.
Sobre a autora Julia Wundrach é professora e apaixonada pelo magistério. Faz palestras para alcançar o público adulto e infantil com o propósito de resgatar, empoderar e iluminar pessoas através da sua fala. Ama os animais, a luz do sol, as pessoas que cruzam seu caminho e sempre está buscando por acolher e compartilhar saberes. “Por Incrível que Pareça” é o seu primeiro romance baseado em fatos reais.
Trecho do livro “- Eu já presenciei muitos relacionamentos, mas esse tem alguma coisa de diferente. Eu não sei explicar o que, acho que porque eu ainda não descobri o que é, mas parece que tem uma atmosfera que o difere dos outros e ao mesmo tempo que disfarça para que ninguém perceba isso.”
O livro pode ser adquirido através da fanpage da autora:
Fonte
- http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/12/violencia-contra-mulher-nao-e-so-fisica-conheca-10-outros-tipos-de-abuso